Existência disformemente Espectral
Nada do que existe é real.
Este computador onde digito essas palavras é imaterial.
A mão que toca em qualquer coisa, objeto ou ser, é irreal;
Os muros, as ruas, as casas, os carros, os animais, as pessoas;
Tudo o que é visualizado pelas retinas não existe.
Os próprios olhos que vêem só enxergam ilusões palpáveis.
Os pensamentos pensados são irreais,
O cérebro que os pensa não compreende
o próprio processo ativo de se pensar.
Os planetas, as estrelas, as luas, as galáxias,
Todos em suas órbitas flutuantes são um delírio delirante...
Todo o Universo é uma miragem,
Nada é real,
Absolutamente e angustiamente Tudo é Irreal.
Mas se Eu não existo,
E Nada em si existe,
Como posso eu estar aqui pensando, escrevendo, vendo, sentindo?
Como tudo isso pode ser possível, já que nada existe?
Não tentem me persuadir a pensar o contrário,
que estou inventando loucuras. Não!
Estou plenamente lúcido de minha inexistência.
Eu não existo, e jamais existir,
Como também nenhuma coisa ou seres jamais existiram.
E é tudo isso que me assombra, me apavora, me tortura,
Me aflige,me confrange completamente: o absurdo de tudo querer existir,
De tudo persistir em se exteriorizar,
De tudo achar que existe...
Tudo é uma Ilusão. O universo é um colossal embuste.
Eu sou uma miragem. O Mundo é uma miragem.
Toda a Existência é uma reles miragem,
Tentando de inúmeras formas nos enganar a fim de que acreditemos que existimos,
E que as coisas são reais.
Tudo são fusões híbridas de mentiras.
Contudo eu sei que todas as coisas não são reais,
Nunca foram...
Jamais serão!
Não podem ser reais...
Nada deveria existir, e ponto final.
Ó desespero insuportável de tanto pensar e nada compreender...
Já que nada existe,
E conseqüentemente eu também,
Então por que não mergulhar nesse penhasco de rochas aparentemente concretas,
Para provar a Tudo a minha, e a nossa, completa Inexistência?
Se eu não existo,
Logo a morte, por conseguinte é uma ficção.
Por tanto, disparar um tiro contra minha cabeça intangível não vai me destruir,
não vai me aniquilar,
pois o que não existe não pode morrer,
logo meu suicídio é uma outra ilusão ficcionada por se pensar que de fato se existe.
Não venham tentar me convencer que estou delirando,
Todos vocês são irreais,
A questão é que ainda não se deram conta disso,
Ainda não querem admitir tal constatação irrefutável!
Toda a Existência, e tudo na existência, é um delírio alucinatório
Cuspido pelo Vácuo.
Pois tudo é um Vácuo absurdamente palpável.
Ilusões hipnóticas da Irrealidade mascarando e controlando todos os sentidos orgânicos,
Todos os corpos e substâncias,
E todas as consciências de que se existe,
De que o que há realmente há,
E que a Existência é um fato inquestionável.
Balelas.
Legiões de ilusões conceituais e ideológicas camuflando o óbvio inaceitável...
Tudo é opaco e vazio.
Utopia tão poética do Não-Ser querendo a todo custo Ser.
Estes horrores torturantes que penetram em minha consciência,
Ao tocar na tangibilidade de um objeto ou uma coisa
Os quais nunca deveriam ter saído do útero do Nada.
A vida e o mundo são alucinações oníricas.
Meus olhos duvidam até de si próprios.
Meus olhos sentem angustias indescritíveis ao presenciar toda essa variedade
De existências substanciais tão incoerentes, incognoscíveis, absurdas e inacreditáveis...
A vida e o mundo são alucinações oníricas.
Qual é a real finalidade da existencia em si existir?
Qual é a verdadeira razão e o verdadeiro objetivo de alguma coisa,
ou algum ser, precisarem existir em si?
Este absurdo indefinível de sentir as profundezas incomensuráveis de meu corpo espectral,
Ao afagar e ver qualquer coisa.
Toda a Existência é uma pavorosa Esfinge onipresente.
Toda a Existência é uma miríade insana de mitos inescrutáveis.
Todo o Universo, e tudo o que se transcorre nele, são incontáveis
Fábulas narradas pelo Vácuo perante os ouvidos curiosos do Irreal.
A Existência é um Vácuo Abissal.
Todas as coisas, todos os entes e seres são frutos míticos produzidos
pela Árvore abstrata da veraz Irrealidade.
Todo Ser é um Não-Ser indubitavelmente.
Gilliard Alves Rodrigues