Nasce o poeta.

Nasce o poeta...

Silêncio e língua se buscam,

se falam...se amam

no doce, no atroz...

O poeta se conecta...

Nos interstícios sonoros,

longínquos da própria voz...

À procura, tateia

seu próprio dom...tom...

Inconsciente, na mente

se faz simbiótico a outros poetas.

A caminho, moléculas, átomos,

agitados, aflitos, conspiram,

se unem em compasso na dor,

na doce ilusão de tons, semitons,

na diversidade, verdade

no íntimo ouvinte

da própria presença interior.

Entretece seus dias num emaranhado.

Se perde em questões, se acha, mergulha

em mistério, espírito inquieto,

canta e baila na constelação do silêncio,

texturas em formas, confere no oculto,

na alma das coisas, num grito calado,

adulto o divino recria, revê a criança,

a esperança que o desafia,

manifesta de novo

o novo,

perdido de si,

do dia,

na poesia...

Gaiô.