SE O MORTO PUDESSE OUVIR.
Lero de um morto
Grande desaforo
Entregue a sua sorte
Numa caixa sem conforto
Sem ouvir sem contar agora
As historia de cada noite.
O silencio, o grito em vão,
Filhos esposa ex. amigos
Condolência aperto de mão
Lágrima sem sentido frio
Ali sozinho desprotegido
O morto sem ouvir nem ri.
Entra um sai outro
Lá vai o vento e a noite
Tédio agora é sonho em vão
Do morto que ontem foi amor
Vestido sem saber qual direção
Seguirá no silenciar em fogo.
Uma flor última inspiração
Terra e terra só o barulho
É lero desencontros e solidão
A morte graciosa ali impoluta
O morto sem vida sem coração
Chora sem poder ouvir seu nome.
Cai a terra na madeira dura
Cai a poeira da reminiscência
Cobrindo os sonhos no escuro
Nada resta a não ser o vento
Tocando-lhe a face dura
Na incerteza do momento.
Lero aqui morto ali
E tudo se desfez no pó
O orgulho os bens tão finos
Deitam consigo sob o sol
Perdem-se nas mãos dos que ficam
Destruindo tudo sem piedade sem dó.
Se o morto pudesse ouvir
Ficaria triste enraivecido
Com as palavras ali ditas
Por aqueles que foram vida
Esquecerão de seus dias
Sem lhe escrever uma linha.