Saber se inclinar pra estar de pé.
Saber se enclinar,
pra estar de pé.
Quando da tarde,
margeando o velho rio,
sob a brisa
um salgueiro se curvou,
derramou ao rés do chão
longos galhos em bailado flexível.
E então, doce eixo
em suave movimento
a tudo olhou...
Inclinado, iluminado
em coluna de energia,
de brandura vigorosa
encantou, se entregou.
Sua carga, do que fosse,
em leveza se assomou.
Intacto voltou,
pra estar de pé,
acolhendo de seu ser
sutileza e fluidez.
E o pássaro pousou
delicado,
para ouvi-lo em sua luz,
que cantante,
maleável,
fez-se sopro no silêncio
só audível
no seu SER,
pelos poros
que desposa.
Ser aquilo
que se é...
Porque é.
Sabendo se enclinar
pra estar de pé...
Gaiô.