Vitrine de minha vida

Minha vitrine não vi...
Percorri as dos meninos,
Cariados e doentes
Dos velhacos cafajestes
Presunçosos e dementes
Perdi minutos ali...
Falei depois de tais males...
Tentei avisar aos tais
De tamanha insanidade!

Oh quão dura expectação,
Quando voltei-me afinal
Ao meu próprio lamaçal
Revendo o meu quinhão...

O que deixei no lugar,
Crendo estar lindo ao passante,
Foi desmantelado, errante...
Descuidado e destruído...
Requintes de crueldade...
Eu, egoísta e errante,
Querendo arrumar vitrines,
Deixei minha porta aberta,
Fui assim espoliada!
Assaltada, fui roubada!
Maldade, quanta maldade!

O que tive não reponho...
Não há mais segunda chance.
Agora e seguir avante!
Refazendo em prateleiras,
Os meandros que ora exponho,

Na lojinha encardida,
Em feirinha dessa vida,
Mostro meu artesanato,
Pois sonhadora, de fato,
Deixei minha eira exposta...

Ouvirei dos invejosos,
Mesquinhos vitoriosos,
Que ilusionistas foram,
Roubando-me a pureza:
"Eta mulherzinha besta,
Facinha de se enganar...
E não tem eira nem beira!"

Com réstias desse meu sonho,
Prossigo...aprendo a cantar!
Pois eu vejo desse lado,
Mas tu, passante bendito...
abençoado é teu dito...
Tua visão me espanta...
Tua canção que recolhe,
Sucatas em meus pertences!!

Majestosa preleção...
Em teus dedos minha sina,
Se transforma em canção,
Em tua boca sou gente...
Em teu solo, sou semente!


Inezteves
INEZTEVES
Enviado por INEZTEVES em 09/06/2009
Reeditado em 07/12/2013
Código do texto: T1639417
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