PAPEL

O papel branco me desafia

a colocar nele

uma poesia.

Insisto

Resisto

Reflito.

E candidamente derramo

sobre ele palavras,

pontos e virgulas,

acentos e nódoas

que vão se impregnando nele

Já existe no nada

algo tangível:

nasceu um poema

caçula da portuguesa língua

e em mim dói

como ferida e íngua.

Desvirginado

o papel chora

pelo parto de agora.

Valdivino Pereira Ferreira
Enviado por Valdivino Pereira Ferreira em 09/06/2009
Código do texto: T1639324