PAPEL
O papel branco me desafia
a colocar nele
uma poesia.
Insisto
Resisto
Reflito.
E candidamente derramo
sobre ele palavras,
pontos e virgulas,
acentos e nódoas
que vão se impregnando nele
Já existe no nada
algo tangível:
nasceu um poema
caçula da portuguesa língua
e em mim dói
como ferida e íngua.
Desvirginado
o papel chora
pelo parto de agora.