RESSUSCITAREI DOS MORTOS
Musa,
poesia,
suspiro em verso,
romance em rima.
Saio de mim,
abandono-me.
Morte,
saudade,
lágrimas em vão,
nuvens de recordação.
Visões ocas,
verdade aventureira.
Dores,
sofrimento,
sentimento que chora,
geme por dentro e por fora.
Ponteiros tortos,
aborto a minha hora.
Solidão,
silêncio,
palavras loucas,
poemas doentes.
Prazer de um toque
avivado num arrepio.
Frio,
vazio,
ausência de sorriso,
salto para o abismo do juízo.
Perco-me vilão,
achado esquecido num não.
Nada,
escuro,
eco de lamentos,
paragem do tempo.
Sonâmbulo
pelas arestas do pecado.
Inferno,
distância,
gritos repetidos,
pisadas em falso desmedido.
Sinto a queda de um anjo
em mim abandonado numa estrela
que me esfaqueia com claridades dormentes.
Longe,
sombra,
chego tarde
de voz de entorpecida.
Moldo-me da lama
numa estatua estranha.
Sufoco,
sangue,
sede de sonhar,
mar de pesadelos.
Medo adulto
que me encoraja o vulto de viver.
Alma,
corpo,
sinto-me tão pouco
nas emoções que são muitas.
Morrerei poeta,
ressuscitarei profeta
nos seres vivos dos meus poemas
lidos na imortalidade da poesia.
Amor,
paixão,
visto na pele o verão,
ouço no olhar uma canção.
Que será de eu
se mim não for eu.