Vozes da guerra I

Lembro-me

do pavor por toda à parte

tombado em combate

os pés despidos, dispostos

prontos para a partida.

Os braços a postos

transportando meu corpo

partindo sem porto...

sem despedida...

Lembro-me

da sepultura, de lapidar brancura

do meu peito baleado

duplamente despedaçado

da imprudente bravura

impiedosamente abatida

por uma bala perdida

apenas uma bala.

Lembro-me

de vagar por um tempo

sem pão, sem provento

No desespero que a solidão espalha

percebi que para mim

acabara a batalha.

Procurei libertar-me

do peso nos ombros,

procurei dispensar-me

de buscar nos escombros

pelos sobreviventes.

Ainda um sopro me basta

com ele sobrevivo

com ele prossigo.

Não peço respostas

neste bosque sem portas

peço um abrigo

um pouco de paz e bondade

capaz de permitir-me experimentar

a liberdade.

Claudio Lima
Enviado por Claudio Lima em 28/05/2009
Reeditado em 09/01/2018
Código do texto: T1620490
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