RENASCER!
O suor escorre por minha face,
Como pequenas gotas de orvalho
A acariciar com ternura a minha pele
E trazer lembranças de outras eras
Os sentimentos pairam algures,
Entre fantasia e a magia do desconhecido
Como resultado do fascínio de ter vivido
De poder estar em tua presença e domínio
Quando antes só lembrava-se do martírio
Dos dias tornarem-se grandes... Monstruosos...
Como se a noite nunca chegasse... Ou existisse
Foram os açoites das madrugadas e pernoites
Sem as carícias das tuas mãos delicadas
A chuva insistente que caia de mansinho,
Sobre as pedras da calçada,
Ali por onde passeávamos de mãos dadas
Saltitando, sorrindo e contando piadas
Cantando também dos seus lamentos
A quem passava ou por ali transitava
Observando e pensando vou remoendo
Como foram bonitos àqueles breves momentos
Meus sentimentos, ouvindo as batidas do coração
Sussurravam baixinho palavras de carinho e emoção
Entro, então, num estado letárgico... Quase fluente
Sinto meus pensamentos pairarem sobre minha mente,
Fico confuso, meio torto e difuso, estou bem diferente
Num estado de total e completa alucinação...
Será que diante dessa situação perdi a razão?
Não posso mentir... Já quase não me sinto...
Pareço estar num profundo emaranhado labirinto
Tudo dentro de mim, se revolve, acolhe, morre
Meus sentidos ficam-se, assim, sem mais...
Algo incompreensível, inimaginável, impossível
Parecendo assustador e também deveras inenarrável
Mas sinto a vida a imergir de dentro do meu corpo,
E de lá querendo soltar o grito de liberdade para voar
Como se eu estivesse a renascer com outro eu...
Que veio resgatar pelos meus lábios escrever e falar
A ressurgir, de alguém que em tempos morreu...
E nesse espaço milimétrico transmutou e transcendeu
Mas agora vive! Agora... Vive! Soltou e emergiu...
Flutuou... Planou... Elevou! Subiu aos céus
Outra vez! Revive a plenitude de ser... Ressurgiu!
E tudo mais floresceu, iluminou e sorriu.
Dueto: Catarina Camacho e Hildebrando Menezes