Quantos olhos você tem.
Quantos olhos você tem..
Na natureza dos olhos deito tento,
fecham olhos de dormir, de cerrar o anoitecer.
Fico olhando estes olhos pra entender:
Para dentro, observam inquietos sonhos loucos,
belos, feios, procurando alquimia que a alma faz
em algo pra se dizer...de mim, de você...
De ver, enxergar, perceber o olhar que não se vê,
ultrapassa o saber, escondido de quem vê.
Fica olhando sutilmente
o olhar que a tudo abrange,
num olhar particular, que separa em janelinhas
cada qual em seu lugar, no contexto que define
mundo afora pra somar, subtrair, muitas vezes dividir.
O olhar perscrutador, inquire sofredor,
o olhar mais delicado acolhe na ternura,
no abraço dando colo, quer amor.
De soslaio escapa o olhar, quer fugir,
pisca-pisca, não quer ver, se aliena, mente, tudo engana,
se esconde no consumo da beleza que aprisiona.
Venda os olhos cabra-cega ou cobra-cega de onde vem? Do moinho,
sem trazer o pão e o vinho, pra ninguém o pedacinho...em lucidez.
Ha o olhar pressenti-dor que mergulha no sensível de si mesmo,
se encara sem fugir, vê inteiro a ferida a descoberto.
Clareando abre o olhar, que intui a criação,
olhos doces, olhos frios, preocupados no vazio,
olhos verdes, olhos negros que em azuis dilui o céu,
marejando a escuridão que se faz em mar aberto
de dor e desilusão.
Se descobrem em novo olhar que unifica de esperança
a imperfeição, ampliando o clarear, o ar, o mar, amar a paz.
De retorno, cai de novo no olhar que olha dentro
e viaja o viajante à procura de si mesmo em outros ventos...
Gaiô.