Eu Provei-me a Mim Mesmo
Dum jeito como se fosse
pura língua bilíngüe
que tudo tinha a aprender.
Fiz dum jeito específico,
que antes achava fatídico,
pra depois não me arrepender.
Tinha gosto salgado
que, confesso, não imaginava,
meu coração ruminava.
Dei bom dia a quem não conhecia,
enquanto banhava em bacia,
eu me abraçava.
Eu provei-me a mim mesmo
subindo para cima do céu
acabando com o marasmo
em auto-pleonasmo.
Queimei-me a mim por dentro
ao descer para baixo do inferno
eliminando meu marasmo
em puro pleonasmo.
Seco e delicado,
liso, macio trêmulo
que depois umedece.
Dente no dente,
mordida no lábio
que não esquece.
Bem por si só,
por si mesmo.
Sentir-se o ar, o pó...
A circulação adentrando a veia
uma aranha que tece,...
que cai na própria teia.
Eu provei sem atestados, sem horas, sem datas...
Sem estoques de experiência
vivendo só com minha sapiência e ciência que criei,
dos sentidos que já tinha e os que inventei.
Me enviei pelo correio, via e-mail
ganhei na loteria sem sorteio.
Conectados... Interligados...
Senti-me em cada ponta de meus membros
em cada ponta um irmão meu
senti-me em cada um, em cada todo um EU.
Eu provei-me a mim mesmo
subindo para cima do céu
acabando com o marasmo
em auto-pleonasmo.
Queimei-me a mim por dentro
ao descer para baixo do inferno
eliminando meu marasmo
em puro pleonasmo.