A Fé na Evolução da Alma
E após ser devorado
pelas ardentes chamas do cotidiano,
pela dor e o sofrimento
ser transformado em meras cinzas.
Reerguer-se por força oculta
como se fosse a mitológica fênix.
Com sua vontade ardente,
assombrando os fantasmas perseguidores.
Ressurgindo em luz
a partir dos seus escombros,
das suas trevas.
Fazendo da boa vontade semente
para a fé que se obstina em perseverança.
E sendo homem, haverá de ser
servo de sua alma,
buscando sua sagrada realização.
E a chama divina enclausurada no corpo
haverá de se acender para a eternidade.
Razão e fé haverão de se encontrar
e de sua fecundidade produzirão o saber.
E o raciocínio do cérebro haverá
de se unir às emoções do coração
na busca da origem.
Na gênese estará uma nascente de águas
curativas para cicatrizar as feridas da alma.
Precioso líquido que há de nutrir o ser
com as verdades
antes ocultas da consciência.
E verá que sua imaginação
desenha significativas imagens
para desvendar a luz.
Verá poderoso guerreiro
que munido de espada desbravou a razão,
conquistando a justiça.
Vendo-o depois envelhecido e
convertido em monge, levando um cajado,
tentando aprender o amor.
Sente toda a sua solidão
e o seu desejo de se integrar
ao meio onde antes se destacou.
Percebe o ego maduro
querendo dividir as conquistas,
universalizando-se fraternalmente.
Vê a solidão da sua riqueza,
vê brotar a gratidão,
pois necessita retribuir
o que recebeu.
Pressente o brilho oculto
habitando o coração,
o grande universo
falando ao pequeno ser.
Criação e criatura se interagem
numa profunda troca
do mais puro e divino amor.
Vê que oculta uma lágrima
ao sentir o nascer de nova aurora
no realizar da esperança.
Não chora, mas sorri.
Converteu-se de poderoso vendaval
em suave brisa fertilizadora.
Já não queima com o crepitar apaixonado
de suas poderosas e destrutivas labaredas,
mas aquece com a leveza consoladora
de sua chama afetiva,
despertando corações.
Abandona sua temerária armadura preta
e veste-se com uma alva túnica branca.
Sossega sua guerra, precisa da paz.
Exausto dos infindáveis confrontos,
quer a harmonia.
Já não se divide
pelos descaminhos
entre luzes e trevas,
é lume pacificado e perene.
É meio propício
para a paternidade divina
fazer-se presente
aos seus outros filhos.
É criatura vivenciando
a força construtiva do Criador,
desarmando as armadilhas do mal.
Já não é escravo de suposta obrigação,
já não é assombrado por dolorosa culpa.
Antes tem a sagração daqueles
que têm prazer em cumprir
o seu dever com o destino.
Então a espera terá terminado,
o estágio de aprendizado caminhará
para a realização.
E tendo vontade própria,
esta não será mais baluarte rebelde
à vontade do Pai celeste.
Estará finalmente unida
à vontade maior,
não por imposição,
mas por reconhecimento.
E o antigo servo que se curvou
por desejar ser justo
será filho por, acima de tudo, amar.
E nesse instante
todas as personalidades efêmeras
unir-se-ão num único ser eterno.
O conflito estará terminado
e quem foi maldito
terá o batismo de luz
que o fará bendito.
E o pequeno lume
mergulhará feliz na grande luz,
vivendo por ela, e ela por ele.