A MANSÃO DOS MORTOS

Dois corpos entreleçados, presas fáceis

Entregues ao pecado.

Macho, fêmea, laço e venda, almas gêmeas

E vendidas ao diabo.

Caminhando sobre pétalas, o sapato-boneca

Se perde de paixão, e no espaço entre as estrofes.

Caminhando entre os espinhos sobre uma fina-flor

De fascínio, meu olhar cego de amor se perde

Num decote.

Na licenciosa e subversiva alcova se dão fantasias

Na seda concubina do império.

Lindo e falso como todos os sorrisos, o seu ouro bandido

É banhado de bençãos do deus do adultério.

Poesia, alquimia entre palavras e sonhos;

Seus cantos e contos de fadas e fados enfadonhos.

A menina poetando e punhetando um poeta.

A lira deixando uma besta apocalíptica e quieta.

A vulva da mulher-anjo, as abelhas do jardim secreto

E a mansão dos mortos.

Um mundo sem soldados, carros e contra-mão.

Os lírios dos campos de Arcádia, Shangrilá e Sodoma.

Caminhos de pétalas e livres para a libertinagem

Em versificação.

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