CASULO
É sempre assim...
Quando a tarde cai, sinto que escapo de mim.
Destranco as chaves, e parte do que não deveria
tenta apenas ser.
Esse silêncio insuportável do crepúsculo dourado
que só no outono brilha,
Acredita que me desvenda, só porque me invade.
Eu não sou a alegria... tampouco a tristeza.
Também não sou essas cores todas que voam pela tarde.
Sou o silêncio das cores neutras dum casulo quieto,
Imperceptível.
Quase inexistente, coexisto no meio, sem nenhum alarde.
Não sou voz, nunca fui.
E na minha hora, aborto o grito que pulsa
Porque de nada adianta gritar
Numa tela de natureza morta.
No meu outono...é sempre assim.