TEMPO DE PARTIR
O imaginário tece-me rio
aberto ao extravagante ilusório.
Sou diário de águas corridas
onde atarefadamente construo diques
desolados ao abandono do meu sono,
algures do ir pelo pesar de um mapa
que me leva a nenhures.
A realidade senta-se
na minha margem agitada
por verdade numa voz enfraquecida,
vinda timidamente do eterno selvagem
da vida que flutua no dilúvio dos meus sonhos.
Permaneço imóvel
nas deambulações da minha fogueira
de desejos espevitados por emoções,
cuja a dança das labaredas lançam sobre mim
os sinais do meu tempo de partir.
Há o mais de um vento
quente que descongela as entrelinhas
do meu breve encontro com o depois
no meu caminhar cru.
Sinto-me nu,
desarmado diante o trovão irado
que ilumina o meu céu solitário,
ouvindo desamparado o uivo do meu olhar
à lua sobre os rochedos de incerteza.
Escalo na palavra nua
do mar profundo que quero conseguir
descrito um novo homem para partir.