Fio de Veludo
No tear das realizações
De dois seres se amando
Explodem todas emoções
Em sentimentos fluindo...
No que há de mais profundo
Até nas catacumbas do mundo
Poema captado de um retrato
Deixou-me meio que alucinado
Produto complexo e abstrato
Parido do contato, de fato, no ato
Composto concreto e compacto
Em radiosas e melodiosas simetria
Quis logo fazer ali um pacto...
Tecido e ungido com maestria
No desenho opaco de um vidro
Trincado, partido, polido.
Pela vida e sua garimpagem
No sutil traçado do tablado
Ah! Foi a verdadeira viagem
Múltipla, plural, reduzida...
Abstraído de um grito distraído
Aquele retrato parecia miragem.
Onde os sonhos estão postados
Agora não quero outra imagem
Estou do início ao fim... Posicionado!
Oriundo da utopia direcionada
Corte cirúrgico no mamilo do seio
Meus lábios estão umedecidos
À procura de roçar certeiro no meio
Por onde escorre o leite e o sangue
Será ela receptiva ao meu galanteio?
Ou só verá a lama que sai do mangue
Na seiva que tanto fecunda em cheio
O verde, a vida, a natureza!
Fruto dessa insustentável leveza
Que me leva ao seu magnetismo
Na liturgia que celebra a pureza
Entre a fantasia e o cruel realismo
Cultuarei a mais sublime das certezas
Que caminhar vence qualquer fronteira
Há que se mergulhar com plena sutileza
Dissipando medos e tudo que é besteira
A nos ofertar o amor e a beleza...
Hildebrando Menezes