epílogo e relógios

epílogo

lendo o tao

o velho sorria

suas mãos cobriam

a capa laranja

as leves laudas douradas

totalmente

de modo que o livrinho

era inidentificável

assim é o tao

obscuro em seu devir

o menino tomou o livro entre os braços

e envelheceu como os pêssegos à janela

o velho levantou-se e correu

e viu a si mesmo brincando lá fora com grandes pipas amarelo-ouro

desde então não foram mais vistos na sua casa em Kuen Luen

relógios

na sua mansão

o doutor observa

os momentos marcharem

solenemente

um deles o segura pelo pulso

como se um fio diáfano o erguesse

qual marionete, do chão

outros em fila

seguem em direção ao jardim

a noite cai, suntuosa

....

além do objeto sensível

há o instante

Oculto nos teixos

cúmplice das horas

quem é mais severo que ele?

quem sabe seu devenir?

trevas onicolores

escondem o que há

de selvagem e doce

no que consome

a seiva da vida

conchas o nutrem dentro de si

e ele desponta como a pérola negra

de dias mais ricos

ou o vácuo do terror do futuro

Nácar protege o monstro do tempo.