Como sou mulher e poeta?
Pouso em pautas, palavras aladas...
Que viajam no tempo
Como o mais doce perfume desprendido de uma rosa.
Exponho-me num livro de alvas páginas!
Sou o ato!
O delicado abrir e fechar das asas de uma borboleta!
Conceba-me neste tom, suave
Pois sou suave e mulher em todos os sentidos.
A ponto de me emocionar com os sonetos de Florbela
E sentir sua mágoa no meu mais íntimo profundo.
Meus amores se eternizam em meus versos
Que revivem a cada releitura.
Sou a razão, a loucura
A doce brisa que sopra nas manhãs de primavera...
Sou aquela que se perde mirando o céu,
Em pensamentos tantos
Suspirando com as lembranças que me surpreendem.
Sou calma de alma e de vida
As vezes, audaz e constante
Como a correnteza de um rio
Que não se pode conter...
Sou um cristal polido, trincado, partido...
Quando te confesso isso, todo encanto me salta aos olhos
E a inspiração, me toma!
E o coração dispara em estranha euforia.
Sou a própria poesia!
E quando me doo a esse meu melhor prazer
A emoção que explode
Se transformam em mil palavras, mil carícias que te abraçam!
(Marisa Rosa Cabral)