BAIXOU EM TI A SOLIDÃO

Peguei-te na virada da noite com um berro...

agora, te esquecerei por um inverno.

Mergulhei pelo outro lado da vida

-aquele lado fétido,em que te encontrei

dormindo de bruços, tutelando a masmorra.

Insultei-te... abandonei-te...

por um lapso de segundos mal tidos, amei-te!

Na solidez da volúpia,

amarrotados saímos fugindo aos olhares,

fingindo passadas calmas;

mas o joelho da máquina dobrava a velocidade

tocando os quadris convergentes,

qual, policial em guerra.

Perfilei-me acompanhar-te, qual o quê!

ventarolavas rodopiando...

levantando as saias do tempo,

soltando cerração pelas orelhas,

ascendendo cada vez mais

à centelha da virada!

-Passos de “asno tibetano” foragido!

Não por meus passos de elefante encontrar-te...

não rodopio em passos de avião.

Não posso estreitar a pressão

que te move por matagais ermos;

mesmo assim, ensurdeço aos latidos dos cães;

aos disparos das armas;

às apreensões, aos clamores...

e segues loucamente, desvairadamente,

sem comentários ou queixas.

- Apenas no outro dia

busquei o teu destino controvertido...

já eras outra geração encarnando personagens

parecendo da vida real, e novamente,

nos amamos descongestionados, destemperados...

(baixou em ti o segredo da solidão!.)

Zecar
Enviado por Zecar em 05/05/2005
Reeditado em 20/07/2016
Código do texto: T14972
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