Entre o céu e o açude velho (TEXTO UM)

I

Velhos anciões nadam no açude velho

E sem querer me incomodo

Com uma dor no peito quase sinto pena

Eu, tão pertinho do céu

Me abasteço de seu novo nome

Um significado isolado em mim

Que tantas vezes relutei aqui aos livros

Aulas professoradas por eruditos digníssimos

Antepassados: tenho estado sisudo, vadio,

Imundo morto em meu corpo

Minha alma não foi enterrada.

Te aconselho, o jovem insano, uma longa caminhada

Cortejando as meninas eu homem já defunto

Me levo ao teu destino cíclico

Após ter assassinado o que havia em mim de menino

Meus sonhos levam ao desespero

Se contra Deus não há argumento

Prefiro viver como estou fora do universo

Quando o telefone toca, abre-se a porta,

Emendo teu medo e procuro em longo passo

O resto é ilusão do meu andado

Meu cansaço está avesso ao movimento

A lotação de latas na cabeça

Antes que eu realmente esqueça

Desapareço nos candelabros de festas

Típicas de fora de época e desejos

Ouve-se a música ao longe de teu cortejo

E você, meu amor, que vem chegando?

O homem que ouve música em toda parte

Não pode ser um ser muito confiado

Leva contigo o meu desagravo

Eternamente palpitante em cada abraço,

Cada beijo, curioso é meu preço,

Mas os velhos anciões já estão acostumados.

gnothi seautou et epimeleia heautou.

SB Sousa
Enviado por SB Sousa em 16/03/2009
Código do texto: T1489251
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