Entre o céu e o açude velho (TEXTO UM)
I
Velhos anciões nadam no açude velho
E sem querer me incomodo
Com uma dor no peito quase sinto pena
Eu, tão pertinho do céu
Me abasteço de seu novo nome
Um significado isolado em mim
Que tantas vezes relutei aqui aos livros
Aulas professoradas por eruditos digníssimos
Antepassados: tenho estado sisudo, vadio,
Imundo morto em meu corpo
Minha alma não foi enterrada.
Te aconselho, o jovem insano, uma longa caminhada
Cortejando as meninas eu homem já defunto
Me levo ao teu destino cíclico
Após ter assassinado o que havia em mim de menino
Meus sonhos levam ao desespero
Se contra Deus não há argumento
Prefiro viver como estou fora do universo
Quando o telefone toca, abre-se a porta,
Emendo teu medo e procuro em longo passo
O resto é ilusão do meu andado
Meu cansaço está avesso ao movimento
A lotação de latas na cabeça
Antes que eu realmente esqueça
Desapareço nos candelabros de festas
Típicas de fora de época e desejos
Ouve-se a música ao longe de teu cortejo
E você, meu amor, que vem chegando?
O homem que ouve música em toda parte
Não pode ser um ser muito confiado
Leva contigo o meu desagravo
Eternamente palpitante em cada abraço,
Cada beijo, curioso é meu preço,
Mas os velhos anciões já estão acostumados.
gnothi seautou et epimeleia heautou.