Busca das Essências

Saí percorrendo estradas, em busca da poesia mais pura

do ritmo harmonioso de uma linda canção

do som marulhante das ondas frementes do mar

subi as montanhas captar o ar rarefeito dos cumes

desci ao regato ouvir o rolar macio das cascatas mansas.

Entrei nas matas virgens para ouvir o gorgeio das aves canoras

desci ao âmago das flores para colher a fragrância de todos os perfumes

cheguei no lago sereno para ouvir a voz do silêncio das águas calmas

subi para o infinito deleitar-me com o coro de anjos celestes

entrei numa nuvem branca, correndo atrás de astros dourados.

Andei no azul dos céus para colher um buquê de estrelas

entrei no fundo da terra, roubar a raridade de gemas escondidas

parti nas asas do vento, buscar os matizes da alvorada

saí pela pradaria colhendo a alvura dos lírios puros

entrei em verdes pomares tirar o pomo dos frutos maduros.

Levantei as mãos para o alto, recolhi gotas de safira do orvalho da noite

cruzei o horizonte para alcançar os fulvos raios de sol

percorri todos os caminhos, buscando a forma de belezas inusitadas

para compor um hino sublime como o canto dos querubins

e pintar um quadro maravilhoso como os matizes de todas as cores

Para fazer um manto com o véu da noite enluarada

bordado com pedras raras e com fios de ouro das estrelas cadentes

juntei nesse amálgama da essência de todas as coisas

para, em holocausto, queimar oferendas puras para o meu Deus.

Isabel Camargo Pontes