Assuntos do vento de tão leves

E tu, Poesia, o que és?

Um beijo mais delirante?

Um trilho mais encoberto?

O espaço de todas as ânsias?

O estábulo dos nossos Jesus?

A faca das nossas vinganças?

O escárnio do nosso abandono?

O consolo dos grandes segundos?

O olvido das míseras horas?

A amargura final das paixões?

A catarse, a unidade, a expansão?

A enxada, a manhã, o sublime trabalho?

A capina profunda, sem paga, dos sonhos?

Lida ou feita, inquitável tesouro?

Inquietante tesouro, esmagável tesouro?

Sim, Poesia, o que és afinal?