Sou...
Sou parte do pedaço de mim.
Sou o meio do complemento de alguém.
Sou o esotérico do sonho real.
Sou inteiro, estilhaço... metade...
Sou partículas e a essência das células.
Sou a matéria, o próton, o nêutron, a realidade.
Sou o encanto dos olhos perdidos.
Sou o perdido do encanto irreal.
Sou o ato e a esperança de Deus...
Sou a vida, o sangue que brota desejos.
Sou a fome, o pecado, o destino.
Sou o anjo de sonho menino...
Sou o grito prosaico da existência.
Sou o mito histórico da humanidade.
Sou a guerra entre o bem e o mal...
Sou o vício, a droga, a inverdade...
Sou o avesso, O capuz do homem-animal.
Sou a loucura, a morte, o rascunho da ciência...
Sou a inveja, a cor e a graça do dinheiro...
Sou os dois lados da moeda... O desespero...
Sou o luto... O esquife... O tudo e o nada...
Sou o santo, o bruto e a experiência.
Sou alguém sem dono... Dono de ninguém.
Sou.. Nem de mim, eu sou...
FERNANDES, Osmar Soares (1961),
Espelho de Cristal – Ed. Scortecci/SP.
2001, pág. 96