Morto no Berço.

Perante seus olhos a beleza

De nada vale, Megera.

E não há certeza

Que não seja devorada por tal fera.

Tu, túmulo do último suspiro,

Embala em sua canção de ninar,

Doce qual bala, letal como tiro,

O recém nascido sonhar.

Este que engatinhar não aprendeu,

Só viu a luz do nada

E no primeiro suspiro morreu,

Talvez tivesse alguma coisa guardada

Sonho que nas coxas foi formado

Mas, no coração havia sido concebido.

Escapou de ser abortado

Talvez por descuido não querido

Qual óbolo trouxe à existência?

Sua moeda tão reluzente

Quem a segura é a cega deficiência

Que esconde com a beleza o fato de ser doente

Sonho perdido, sonho nulo.

Foi mais curto que a fração

Que antecede o pulo

Do não existir à criação.

Dreamer
Enviado por Dreamer em 05/03/2009
Reeditado em 06/10/2021
Código do texto: T1471028
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