Morto no Berço.
Perante seus olhos a beleza
De nada vale, Megera.
E não há certeza
Que não seja devorada por tal fera.
Tu, túmulo do último suspiro,
Embala em sua canção de ninar,
Doce qual bala, letal como tiro,
O recém nascido sonhar.
Este que engatinhar não aprendeu,
Só viu a luz do nada
E no primeiro suspiro morreu,
Talvez tivesse alguma coisa guardada
Sonho que nas coxas foi formado
Mas, no coração havia sido concebido.
Escapou de ser abortado
Talvez por descuido não querido
Qual óbolo trouxe à existência?
Sua moeda tão reluzente
Quem a segura é a cega deficiência
Que esconde com a beleza o fato de ser doente
Sonho perdido, sonho nulo.
Foi mais curto que a fração
Que antecede o pulo
Do não existir à criação.