Corpo, alma e silêncio
Meus dedos não pensam
Apenas se tocam no desvão da linguagem
Meus olhos disfarçam o silêncio
Dizem o que vêem
Fechando-se para o mundo
Minha boca... Ah quem me dera minha boca falasse
Seria para me despedir com a convicção de um sonhador
O coração também pensa
Tanto pensa que chega a sentir
O que a mente no desvario
Teima perseguir
Agora a pouco
Meus vasos dilataram e minha coluna se empertigou
Foi um hálito invisível que por sê-lo por mim passou
Tinha peso de um nada e medida de um tudo
Para onde foi aquele pensamento que perdi?
O que restou foi um eco de imagens
Um pêssego estragado
Emoldurado pelo passado de um triz
Finda minhas horas
E ainda me lembro que tenho vida
Ponho um vaso vazio na janela de um universo solitário
Não me preocupo
Sou preenchido pelo vazio do espaço
O que faço debaixo das estrelas
Não deixa sombras
Não se escuta um pio