Formiguinhas
De repente,
nos deparamos
com uma formiguinha
se esbarrando
nos grandes obstáculos,
simples ciscos,
simples grãos de areia,
estilhaços de pedras,
partículas,
ou andando
em diagonal
numa folha em branco…
Palito de fósforo?
Imenso tronco
de madeira no caminho!
Punhado de areia caindo?
— Grande desmoronamento
de terra!
Plantas regadas num jardim?
– Uma horrível
tempestade!
Nosso braço
em sua frente
não é um grande obstáculo,
explora os pelos,
tantos,
florestas gigantescas!
Estarmos longe
muito longe,
ela vai…
Tanto faz
estarmos perto,
muito perto, continua…
Na verdade,
não
existimos.
Elas,
como nós,
não vivem só;
embora estejamos a sós
numa multidão
de muitos,
elas, no formigueiro,
estão muito bem
acompanhadas!
Temos algo em comum:
ambos ficamos de ponta cabeça
e não caímos,
como os japoneses
no mesmo fuso horário
brasileiro.
Meu dedo
sobre uma levemente…
— Finalmente parou de caminhar!
Libertei-a.
Continuou parada um segundo:
(nem acreditou: viva?)
Seguiu em diagonal
sobre a folha
de papel em branco
sem saber
o que a fez parar.
(Como não são nada!)
De um aeroplano em voo,
somos elas,
as formiguinhas…
E cada vez mais alto,
os micróbios, os virus…
(como não somos nada!)
E bem mais adiante anos-luz,
a Terra é um grão de areia,
desses que as formiguinhas esbarrram!
Falar de nós pra elas?
Tamanha amplitude ira caber, onde?
É como falar de Deus pra os homens…