Mergulhos...
Lá no fundo mais profundo
Onde está a origem do mundo
Há o inexorável, indescritível,
Imponderável, inimaginável
A realização de todos os sonhos
Amor e ódio de mãos dadas
Culpa e perdão em ternos abraços
A união díspare dos impossíveis
Nada se complica e tudo se explica
Loucuras, separações, suicídios
Conjugação amorosa dos sentidos
Como nascem as palavras, os versos
A lágrima, o teorema simples e complexo
As charadas, parábolas e o uivar dos sexos
A junção do tempo em seus três momentos
O porquê, o quando e o como dos lamentos
A dimensão e profusão dos espaços
Do soluço e da convulsão ao choro
Da explosão da gargalhada e do riso
Está também o desdém e seus avisos
Os segredos desvendados no porão
A solidão, a dor, o fio da navalha,
A verdade nua e crua escancarada
O sim e o não em perfeita comunhão
A igualdade sem as veias das maldades
A justiça envergonhada, vidas dissipadas
Eu e você vencidas todas encruzilhadas
E depois o gozo gostoso ao fim da jornada
O quase, o talvez, o tudo e o nada!
Hildebrando Menezes
Nota: Inspirado na frase: “Vivo tão intensamente que quase
chego atrasada no momento seguinte” lido no álbum de
Marci Lira