VAZIO

Viajei pelo espaço

entre o tempo e a distância,

quis rever a minha infância

o meu primeiro passo

pra saber o que é que eu faço

Mergulhei no passado

e no vazio, inserido

vi um menino contido

de si, apiedado,

um silêncio calado

e um brinquedo perdido.

O pudor em redoma

o amor em clausuras

dores sem curas

por chagas abertas

e um grito de alerta

em estado de coma.

Ocos de afetos

somas de nada

uma bola furada

um prego no teto;

uma palma cravada

e um choro com veto.

Um colo ocupado

por novo rebento

um seio sedento

o outro murchado

um choro chorado

e uma falta de alento.

Voltei convencido

que não me encontrei

e hoje o que eu sei,

desse encontro havido,

é que o espaço contido

é maior que pensei.

Vilmar Daufenbach
Enviado por Vilmar Daufenbach em 19/02/2009
Reeditado em 26/02/2009
Código do texto: T1448042