Pálida Cadente
Pálida Cadente
Oh, minha pálida cadente
Aonde estás tu agora?
Trazendo o balsamo dos dias
Enquanto desaguo em sangue...
O Ultra-Romântico está morto
Digerido e defecado, rasteja no esgoto
Correndo junto pelos trilhos do metrô
Onde há ladeiras cinzas e cansadas;
Oh, minha pálida cadente
Aonde estás tu agora?
Trazendo o balsamo dos dias
E o vinho da memória...
Todas minha rimas já foram vomitadas
Por bocas que engolem larvas e berne
Escondendo orgias nos sexos ambigüos
Dos arcos da Lapa e de Copacabana.
Oh, minha Pálida Cadente,
Aonde estás tu ao poente?
Que me deixas só em Porto
Banhando-me no triste rio...
Sem tu, anjo decaído
Memorial de mármore apodrecido
Eu não sou nada, e todo céu
É gris amarelado como tuas entranhas!
Estes olhos apreendidos por cata-ventos
Seguem rua atrás de lentes grossas, e
Não entendem os estilhaços que os cegam
Como a perfuração vaginal...
E tu, minha pálida cadente
Oh, Rainha das mil formas
Por que não me permites
Tatuar na tez teu o padecer?