Céus de Icaro

Ah, e não compreendo

O que faz com que tantos deles

Sacrifiquem toda a vida

Mergulhados na aridez

De uma então realidade

Por deixarem, secos, sérios

De cair na doce teia

De um minuto de ilusão

Vivos são, mas em vão

Pois não são

Nem de longe mais que isso

Sombras frias de uma sólida

E insólita verdade

Que se vai...

Cada vez que cerra os olhos

Esquece o tolo

Que um terço ou mais da vida

Passa de olhos cerrados

De ilusão, impregnados

Berço solto da ilusão

E a razão

Que jazia junto à vida

E só resta de imortal

A mais pura e simples obra

De quem seus joelhos dobra

Diante ao céu que Galileu

Explicou, mas que sentido

Somente Ícaro deu

Resigna-te, homem cerne:

Somente é imortal

A obra da ilusão que temes

....................................................................(.:Ricardo Vieira:.)