A Sorte Não é o Meu Comando

Na doçura do tempo a frente,

Tendo muito a trabalhar...

Uma voz impertinente

Vem logo me indagar:

O que de fato faz

Com tanta dedicação

Se você é capaz

Da transformação?

Não é este o foco

Que deve dedicar-se.

Não vês que te coloco

À sua frente sem disfarce?

Não compreendo estas vozes

Que falam aqui em mim.

Tenho aqui seres ferozes

Que me fazem ser assim.

Dou pulos, me dedico,

Sonho alto e perdido.

Mas logo Me auto critico

Para não ficar iludido.

Assisto daqui mesmo

Tudo o que passa.

Nada acontece a esmo

O que na vida se abraça.

São boas discussões

E muita insatisfação.

Entre muitas orações

Aliviarei meu coração?

Dou passos incertos

Sem uma direção...

Meus egos são espertos

E me puxam pela mão.

Vejo, percebo e vigío.

Mas sem muito sucesso.

Mas no fim eu alivío

O meu quase regresso.

Nesse vai e vem direto

Que me deixa atordoado

Tenho meu desejo secreto

Que deixo bem guardado.

Não me pergunte não.

Não me ponha na parede.

Tenho bem no coração

E não caio em sua rede.

Pai, Senhor Totalidade,

Busco incansavelmente

Minha equanimidade...

Domínio de minha mente.

Já rodei o mundo a fora...

Já meditei no meu aqui.

Quero que chegue a hora

De compensar o que já vivi.

Assisto-me ainda agora,

A aflição de meu pobre Ser.

Que não quer ir embora

E não para de escrever.

Ele pede, insiste e implora,

Para eu mesmo me deter.

Meu rosto cálido até cora

Pra não me perverter.

Passos largos são dados

Nem todos muitos certos

Não posso deixar os dados

Me sortearem espertos.

A sorte não é o meu comando

Tenho o timão ao meu dispor.

O caminho por onde ando

Tem da consciência a sua cor.

Poeta que nos versos procura

Organiza tudo em reflexão.

A rima é a sua melhor cura

Remédio pro seu coração.

No papel ajoelho e choro

Deslizando minha caneta.

Através dos versos oro

Coloco a boca na trombeta.

Na poesia estendo minha mão,

Solto minh'alma sufocada,

Prostro-me em devoção

Repouso em minha amada.