Saudade, Poeira, estrelas e versos

Saudade, Poeira, estrelas e versos

( Fragmento nas dobras do tempo: Na mente, como em noite infinda de lua cheia, de repente, por encanto e magia, um castelo sai das sombras. O poeta, mago ou solitário cavaleiro volta à Idade Média. Muitos séculos se passaram... porém, incansável, ele ainda sonha e faz versos para sua princesa-menina, que guardou em uma redoma de cristal, em um graal e em um imaginário relicário. Mas a vida é momento... e, assim, impiedosas nuvens do tempo, escondem novamente a lua e recolhem a fortaleza de pedra, deixando apenas luzir a eterna saudade, a tumular poeira cósmica, estrelas e versos...)

I ato

Em um canto qualquer da memória, repousa um quadro empoeirado, perdido e esquecido no porão tumular

Na escuridão aparente da fortaleza, entre castiçais de prata e candelabros medievais, ainda brilha um cálice dourado, angustiado e amaldiçoado em cima de uma espécie de altar.

Por toda à parte se observam restícios e sinais de realeza, elmos jogados ao chão, mantos cobrindo prantos e espadas sem corte, anunciando a morte...

II ato

Pela derradeira fresta, imagens difusas acordam paisagens confusas.

A ponte do castelo é na verdade um elo, encanto ou passagem

Nas pradarias, a viagem é possível.

Sem dar um passo sequer, magia ou bruxaria, o pensamento corre, o pensamento voa.

Logo vem na retina, um rosto de menina, uma princesa, uma bailarina

O momento morre, o momento se esvai pela proa.

Hoje, a menina já deve ser mulher.

III Ato

Na masmorra, sonhos acorrentados acordam torturados planos, quase decanos.

Pobre prisioneiro do tempo, que se embriaga com o luzir da lua de prata

E ainda espera encontrar a sua amada em outra desconhecida estrada..

Os ledos enganos passam ao longo dos anos...

Ato final

Os versos estelares persistem

Se transformam em teimosos pulsares

E a cantiga do vento não permite que nenhuma lembrança morra ao relento...

Submersos, em um canto qualquer da memória, ficam a saudade, o rosto de menina, o primeiro amor, a dor, a poeira, a lua cheia das almas, um castelo encoberto pela areia, as estrelas em meio a infindável teia do universo e os poéticos e apocalípticos versos...

andyfrança
Enviado por andyfrança em 17/01/2009
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