Viajante do tempo

Eu, tão simplesmente do tempo um pedaço,

partícula insignificante do pleno espaço,

ou talvez o irrestrito complexo universo,

cansado e envelhecido em sono fatigante,

que a noite, tão somente ela, um presente

que adocica a alma, descansa plenamente

meus passos conquistadores dos rumos

perdidos, calando prantos mais íntimos!

Recuperei-me quando a noite selou horas

anciãs que arrastaram sonhos pelas beiras,

reparando e expandindo arestas marcadas!

Vou ao encontro do tempo que abre túneis

iluminados, alargando esperança em anéis

juncados intermitentemente nas estradas,

companheiro da peregrinação continuada

desbravando o espaço eterno desta vida!

Este tempo velho, fracionado em facetas,

adiante me encontrará buscando metas

e juntando pedaços de mim dispersados,

lágrimas rolarão do céu em tons brandos

e tal vela muito aberta, meu pensamento

peregrinará desvairado nas asas do vento,

cúmplice do tempo amigo de horas antigas,

que fiel me esperou e deu-me suas cantigas!

Rostos e galhos viris, lutaremos como flores,

brotando no pântano entre espinho e amores,

almas entre encontros e desencontros casuais,

voaremos como águias, haja céu sempre mais!,

para florescerem jornadas floridas e benditas,

agasalhando-se o frio nas longas asas divinas,

num tempo de horas imensuráveis e serenas

a nos seguir, mesmo nas vastidões desertas!

Santos-SP-11/04/2006

Inês Marucci
Enviado por Inês Marucci em 11/04/2006
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