Aritmética

Aritmética

Esquece a geometria,

olvida-te da álgebra

São inúteis em teu ofício

de garimpar sonhos

O gosto do arquiteto

não adere à tua obra

Foge do engenheiro

de seus exatos cálculos

Pois tua poesia

prescinde d´outras variáveis

A monumental obra

com seu contorno obtuso

A dura estabilidade

eqüilátera do triângulo

Faz exatidão odiosa

que só te deixa confuso

Nada há de ciência

nos versos sem ângulo

Sim, é certo que a aritmética

produz bens incontáveis

Teus poemas, ao contrário,

não se medem

Nunca serão engendrados

por frios notáveis

Para tê-los a ciência

jaz e espera por um alguém