OCEANO

Tem um oceano inteiro

A colidir ao continente...

Incitando marés,

Coordenando correntes

Quando menos esperares

Sem arautos ou mensagens

Este invadirá poderoso, veemente

Os incautos espaços

Das inocentes rotinas das margens

Cuida-te praieiro imprudente!

Que tua casa

Pode, em verdade, não ser tua

Nem teu trabalho ou teus bens

Nem ao menos as pedras da rua

Tua vida é mais do mar

Do que realmente presumes

Difícil te conformares

Mas se pensares, assumes

Escuta este mar passivo

Que, por ora, te observa

Mas que pode tornar-se bravio

Mudando seu estado nativo

Ah, mentiroso oceano de branduras

Que te alimenta, te lambe, te salga

Que te brinca com borbulhas

Em conveniente alma fidalga

Sim, a uma hora destas... Te leva!

O berço das águas te espera!

Lá repousarás entesourado

Pelos éons de todas as eras