AQUELA DOCE ALMA NUA
Quando a apatia usurpar minhãs mãos
Tornando-as icebergs congelados;
Quando o semblante não mostrar alguma emoção
Tal um mar sem marés, em sal desertificado;
Quando meus pés não quiserem mais as ruas...
Não ansiarem nem mais em roçar o chão
Apenas em avançar, por nada, suas unhas
Talvez, neste instante, tenha enfim defrontado
Em meio a este temerário não-desejo
Aquela minha doce alma nua
Que aqui, anacrônico, sempre coexistiu
Pareada à esta alma outra, ansiosa pelas coisas
Mas que estava, por décadas, velada
Pelas irretocáveis e matemáticas fases da lua
E pelas brutas e inconstantes fases minhas...