Lágrimas (T145)
Sonhei que estava em um navio,
uma embarcação a vela,
um céu azul que se confundia com o mar.
Sabia que cruzaria o oceano atrás do meu amor
a caravela iça as velas e puxa a âncora
e o navio sai cortando o oceano como uma navalha,
de repente, de um azul, o céu tinge-se de um véu cinzento
e uma tormenta invade todo espaço
é água que se mistura com a água
a caravela é um nada em meio à tempestade
um brinquedo nas mãos do destino
num repente sou arremessado
arremessado ao desespero das ondas
sufoco-me, fico sem ar, me debato
aquele gosto de sal na boca, socorro,
penso em Deus, mas não sou escutado
sobressalto-me, e vejo, olho ao redor,
estou na cama, em meu quarto
e o sal da água eram apenas minhas lágrimas.
Alexandre Brussolo (06/02/2000)