EPIFANIA ALUCINÓGENA
Senhor é o fim.
Eu sei que o Senhor também sabe.
Eu também sei que é o fim.
Todos já se foram
E o que foi não será.
As chuvas enterram o verão.
A areia enterrou nossa vida
Sofrida e presa ao chão.
Da uva não se faz mais vinho.
Do chão só cresce desilusão.
O tempo passa.
A chuva passa.
A onda passa.
Fica somente o chão.
Nada dura.
A dor perdura.
Governos caem.
Minha mente voa.
O Senhor sentado, imóvel,
Suspenso no ar.
Os amores acabam.
As pessoas definham.
O céu muda de face.
O sol desce,
A lua sai.
As estrelas brilham e
Estão tão longe.
Os pirilampos brilham
Como as estrelas e
Estão tão perto.
As ondas eletromagnéticas
Transpassam o meu corpo,
Como a luz a sombras.
Eu me vingo,
O Senhor me perdoa.
Eu choro,
O Senhor se vinga.
A cabeça confusa
Mergulha em suas poucas certezas.
O coração aberto sofre,
Com a crueldade
Das fortes tempestades.
O Senhor cavalga nos relâmpagos,
Eu sobre as mulheres,
Relâmpagos contidos em vasilhames
De barro.
O Senhor é desde sempre.
Eu me lembro de sempre existir.
Será?
Meu Deus! Será?
Meu Deus!
Eu sou Deus!