APAIXONADO CAÇADOR DE POEMAS
Caço poemas ao ar
Tal um colecionador apaixonado
A granjear raras borboletas
Num florido bosque iluminado...
Embrenho-me na mata densa
De meus anchos sentimentos
Sem horas nos ponteiros,
Desvestido dos velhos medos,
Desarmado e em segredo
Municio-me de coisas amenas...
Tão e somente apenas
De redes... Redes de vento!
Também vai certa leveza d’alma
E os ouvidos abertos e atentos
Aqueles sons que levam à calma
Fustigo emoções descontroladas...
Aguardando o exato momento
De capturar vibrações alheadas
Ondulando em letras pairadas,
Espiraladas, batendo suas asas;
Adejando em festivos enxames
De versaria leve, vadia, arejada...
Absortas em si mesmas,
Apresentam cores variadas...
Umas escritas flutuam verdes,
Enquanto outras, em tinta azul
Como celestes bem-humoradas...
Por último, revoam umas poucas,
Em formosura, menos afortunadas
Manuscritas em alfabetos marrons...
As restantes são de grafias malhadas
Sonorizadas em diferentes tons
Falta-me, contudo, dissertar
Sobre as que nem borboletas são
As grandes e negras mariposas;
É importante aqui explicar...
Também elas entoam sua canção!
Têm até uns estranhos seres alados
Inteiramente desligados da redação...
Garimpo radiante neste letrado jardim
Emoldurando estas muitas asas...
Pintando-as em inconseqüentes palavras
Que, rimadas, sobrevoam em mim
Por vezes alegres, noutras amargas
Por Deus... Para sempre continue assim!