SER AQUILO QUE NEM ALMA É...
Quando posso
Apodreço e estuporo;
Forço-me ao apuro...
Mais que ignorante,
Me ignoro
Ao ponto de esvair-me,
Anular-me tal passadas águas
Movendo coisa nenhuma,
Ao nada
Neste absurdo momento
De desconhecimento forçado
Automático,
Algo renasce
Como que acordando
De um sono milenar
É neste largar-me,
Que me encontro!
É admitindo-me morto
Para os outros
Que, ininterrupto, desperto
Para a vida interna que corre
Vida intensa em elementos
Para além do meu peito
Desativando meu cérebro
Tranquilizando a própria calma
Transcendendo ao espírito
De tal modo inexplicável
Porque nem me sinto mais,
Nem mais na alma estou...
Torno-me "sendo", sem sabê-lo,
O inominável não-ser