A Morte de um Anjo...
A Morte de um Anjo...
(Em memória de Rosa Maria Lamego,
falecida em Pelotas/RS em 25/11/2008)
Docemente, com uma ternura infinita
Ela se foi...
= Sentimos como se ficássemos órfãos
Outra vez...
Seu sorriso era meigo, seu gesto carinhoso,
Sua voz era tranqüila... Era voz de acalanto...
Via-se um Anjo quando ela cantava,
Pois Deus a protegia com Seu Manto...
Ela era luminosa: como se uma auréola
A envolvesse, e, por meio dela,
A Luz se achegasse a nós...
Ela nos deu adeus sorrindo, calmamente...
Ela sabia o que ia fazer;
Na doçura da sua mansidão
Havia firmeza e determinação.
Então...
Ela “foi chamar o Seu Deus
Para que nos viesse ajudar agora...”
Foi tão suave no seu despedir
Como o foi em toda a sua vida:
Como uma luz, que vai se enfraquecendo,
E vai se apagando, bem devagarzinho,
Sem pressa... Mas sem medo de partir!...
Ficou um vazio... Falta uma presença...
- Quando entrarmos em nossa Catedral,
Onde estará seu sorriso angelical,
Com o qual sempre ela nos recebia?...
- Onde estará aquela, que sempre aconselhava,
E pedia que se agisse com amor?...
- Os seus olhos, que sorriam sempre,
Quando os iremos ver?...
Teremos sede desse seu sorriso,
Teremos saudade desse seu viver...
... Ficamos “como ovelhas que não têm Pastor...”
Mansamente correm nossas lágrimas...
A saudade é tanta!...
Mas entristecer
Os seus amados, ela não gostaria!...
O Anjo se foi...
Mas sua luz ficou!...
Ela foi chamar Seu Deus e pedir perdão
Por todos aqueles que não vão pedir...
...
Quando anoitece, quando a noite cai
Lentamente, a luz vai se apagando,
Docemente...
E sem resistir se vai...
Mas a noite veste-se de estrelas,
E os Anjos cantam sua canção...
Ela legou-nos um grande compromisso
De trabalho e dedicação
À Voz de Deus e à sua Missão...
- Que rastro luminoso tu deixaste!...
Que exemplo imenso tu a nós legaste!
...
Somos todos velinhas pequeninas,
Pequenas luzes! É hora de união!
Juntar nossas luzes que, embora sendo fracas,
Serão mais fortes pela aproximação...
E ela será um Anjo cuidando a Catedral...
- Toquem os sinos alegres, como ela queria!
- Sejamos mais fortes, pois era sua vontade!
- Prosseguiremos o seu sonho de bondade,
-Pois ela não viveu em vão!...
Ela foi chamar seu Deus... E Deus já chegou.
Despiu Sua capa à porta da Igreja
E a cada rosto Ele iluminou...
E, humildemente, como o Deus-Menino,
Encheu o Templo com a Sua Paz...
Encheu as almas com o seu Caminho...
Mas ela...
Ela, a que O foi chamar,
Deus achou que era hora de já descansar:
E para Si, Ele a tomou...
...........................................................
Nota da Autora: Alguns trechos deste poema são inspirados na Poesia, “A morte de meu pai”, de Yehuda Amihai (penso que é assim que se escreve!) e que li quando menina.