ECO (série Cyndi Lauper)
A gente ouve perfeitamente a imagem, consegue ver com perfeição a sinfonia.
Mesmo assim vão faltar ruídos.
De qualquer modo vão fazer mais um pedido.
Mais uma vez ninguém ouvirá minha voz.
Mais uma vez ouvirão apenas o resto de nós.
As promessas continuarão intactas.
Um fantasma de nome próprio circula vivo, seu nome comum me espanta ao primeiro toque.
Andam vagando...
Vagam andando...
Estando vaga a andança pra outro ser que não perturbe.
SILÊNCIO... Opiniões se jogam a todo instante do telhado de algum lar.
As minhas lágrimas e as minhas noites onde estão?
Naquele céu que as estrelas não falam, naquelas gotas que não carregam pranto ainda há de haver algum mistério. Uma batalha pra contê-las, uma alegria pra escondê-las.
Olhos na vertical pra uma luz bem apagada...
Mas eu vi...
Contei...
Escondi...
Respondi...
Ri...
Esperei meu próprio retorno em voz e imensidão.
Um qualquer distante ainda não é o bastante.
Obstinados se jogam do espaço.
O vôo não decola, armas, rosas, alguma esmola.
Gotas perdidas em que tudo perde a graça...
Sem graça...
Nem de graça...
Desgraça...
Disfarça...
Amordaça...
A voz em imensidão me preencheu completo.
Um vazio sem tamanho perdeu-se nas casas.
Mas não deixem que sintam falta, não deixem que mudem a expressão,
Não deixem que gritem qualquer sussurro, não deixem que ultrapassem um simples murmuro, não deixem que neguem meu esquecimento.
E as minhas memórias e vultos onde estão?
Exterminaram a alegria pra não liquidar com a solidão...
Mas ainda ouvem, com magnífica certeza ouvem, temem, se desesperam de súbito e ouvem, numa atemporal estação ainda ouvem, quando o medo governo, quando a ausência os reina... Eles ainda ouvem.
Douglas Tedesco – 20/11/2008