Real
Envolveu-me em seu manto
Na lira de um céu, quase santo
Azulando teu fogo no verde marinho
Tece na seda de minha pele carinhos vadios
Profanos versos que escreve em escarninhos
Querendo sagrar meu coração profano
Assim seduzido arrastou-me amorfo ao ninho
Poesia? Arte? Saber? Alegria?
Me lixo pra toda esta histeria
Quem sabe minha vã sabedoria
Sou um ser devasso livre no espaço
Entre a luz e os segundos do tempo
Ora viajo sem dor nos teus sonhos de amor
Omisso, Apático, Estatico
Deixo-me fluir em sentidos e vertigens
Encaro frente a frente esse teu ser
Ah! Mulher, que rouba minha alma
Em troca me crias a calma
Nessa pecaminosa odisséia do meu viver
Desperto-me sem as sutilezas do voar
Já não tenho a suave leveza do eter
A roubastes no afã de minha vida pregressa
Agora sólido e insólito diante do etéreo
Materializo-me em teu escravo
Perene e sóbrio entrego-te meu eu
Deixando para traz o Deus, sou agora teu.