A melodia da águas
Não me surpreendem os trigais de ouro coalhados,
povoando de vidas inocentes momentos radiantes,
seus caminhos, bem os conhece a alma dos prados,
peregrina do amor nos jardins celestes migrantes!
Bem como a melodia das águas que vertem velozes
sulcando leito dos rios com suaves e sagradas vozes,
canto, vibro e me faço encantar banhada em bênçãos,
tão antigas, tão futuras e eternas, enlevando cristãos!
Não me permita Deus esquecer dos dons da aurora,
entranhados no meio dos meigos olhos da primavera,
calada em seu perfume que tantos gorjeios divinizam,
e no cântico dos cânticos bulícios de pedra paralisam!
Amanhã, toda a passarada cantora de mim lembrará,
pelas marcas de sol que minha alma deixou na seara
a mim destinada para procriar, proteger e alimentar,
com seiva sagrada da natureza eternamente a semear!
Santos-SP-11/03/2006