PAISAGEM URBANA


Reprimido entre os labirintos de tijolos;
Suprimido pelas idéias fantasiosas;
Que trazem os tenebrosos fantasmas;
De anseios, madrugas de luxurias prazerosas!

Perdido na ingratidão do egoísmo;
Iludido pela propaganda do cinismo.
Sou mendigo, transeunte, mais um;
Entre tantos, ego nenhum!

Sem sentido...como os ponteiros do relógio;
Lá no alto da matriz, me dizendo que está na hora.
Mostrando-me a pertinência do tempo;
Que pra ser feliz, já passou da minha hora!

Na selva de cabeças que vai a frente;
Olhos a procura de qualquer refúgio.
Pois como era a perdição na Roma antiga;
No meu inibir, eu então que o diga!

No conforto desconfortável de um auto;
Quase não se pode completar com o móvel!
Todos querem a mesma coisa, mesma condição;
Querem ficar estáticos, não haverá espaço neste chão!

Paisagem urbana, transtorno alusivo?
Paisagem urbana, sociedade não social;
Suco gástrico, ácido corrosivo;
Mais um fast food não vai me fazer mal! (será?)

Corrompido pelas vitrines tentadoras;
Esquecido pelo simples fato de ser humano!
Sou um código de barras as avessas;
Ao longe, um pastor berra, me dizendo que isto é profano!

Compreendido, só se eu tiver algo em troca;
Requerido pelo capitalismo, mas o meu é sem capital.
Não posso fazer nada, nem ao menos lamentar;
Talvez fique caro e mais um imposto eu tenha que pagar!

Sem sentido...são as fumaças que cortam o céu;
Visitam os meus pulmões, de recordação uma bela faringite.
Incoerência? Mas tudo bem, o que importa é o progresso;
Meu bem estar, esse eu finjo que resiste!

No outdoor, um belo sorriso convidativo;
Uma silhueta de Vênus a desviar a atenção;
Exposta na prateleira de revistas, também.
Tudo não passa de fantasia, mas isso não me convém!

Na rotina frenética, esqueço até de mim;
Em que planeta estou e qual o meu nome!
Não posso parar, pois ninguém está parado;
Por favor, não me chamem de alienado!

Paisagem urbana, extremidade racional?
Paisagem urbana, calabouço coletivo;
Esta noite vou ver “Instinto Selvagem”;
No noticiário que sempre passa ao vivo! (Até mais!)

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O ENCANTO DAS PALAVRAS

Luciano Becalete
Enviado por Luciano Becalete em 07/10/2008
Código do texto: T1216773
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