Viagem simultânea

Viajei em mim

Por todo cerrado

Como sou linda!

Como é linda a flor do cerrado

Solitária em sua beleza

Sozinha na minha estrada

Ah! Que vontade estranha!

De onde vem?

E essas lembranças?

Esse desejo, essa dor

Em minha alma suada

Quase que queimada

Como as árvores desse cerrado

Muito mais suado e doído

Pelo fogo quase todo consumido

Ah! Que cansaço essa existência!

Quisera eu existir em qualquer lugar

Que me caiba, que me sirva

Qual será a passagem?

Será o céu do cerrado?

Tão triste, cinza

Ou será o meu?

Ora azul, estrelado

Ora cinza, escuro

Onde estará meu contentamento maior?

Minha estrela preferida

Que falta me faz teu brilho

Tua simples apariação

Me arrebata, me causa entusiasmo

Aparece nesse cerrado!

Ilumina-o... Ah! Vem me iluminar!

Vem, vem, vem, dá-te pressa!

Sim, sim, sim, apressa-te!

Alegra esse cerrado, já tão queimado

E esse meu ser desamado, lacerado

Porém, cheio de veemência

Brilha tua luz sobre esse amarelo do ipê

Sobre o branco singelo da bela flor de mussambê

Florzinha de beira de estrada

Tão bela e desamparada

Ah! Como se exalta!

Sentindo-se assim

Cheia de si, contemplada por mim

Será essa analogia real?

Será que ela tem mais de mim?

Ou eu possuo muito dela?

Breve foi a viagem pelo cerrado

Longa viagem em mim

Quando terá fim?

Chegarei ao pouso final?

Há porventura o fim?

Ainda o conhecerei?

Resta-me seguir viagem...

Simoni Maranhão
Enviado por Simoni Maranhão em 24/09/2008
Reeditado em 24/09/2008
Código do texto: T1194455
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