FOME LOUCA DE AMAR
Ouvi! Li, saboreei, degustei embevecido
Os teus lamentos... Anseios calados
Além do mar e estou mais apaixonado
Embora distante da penumbra deste mundo
Não posso negar que sou o teu súdito
E que jamais uma metida à graciosa
Invadirá os nossos lençóis de graça
Só você exala o perfume e é cheirosa
Você é a mais bela e de todas poderosa
Com seu desejo carnal és inigualável
Enfrento tempestades, trovões e temporal
Sinto-a... Chamando-me e... Invadindo-me
E a pressinto como um indefeso faminto
Que você é o meu escudo... O meu grito!
Navego nas ondas do teu manto acolhedor
E me sinto um guerreiro valente que seduz
À procura do teu corpo, revestido da tua luz
Estou introjetado e possuído do teu fogo
Nadando ao encontro do teu pranto
Para beber das tuas lágrimas sacrossantas
Que um dia no acalanto do nosso antro...
Pela voz sedutora da tua boca rouca e louca
Saciaram de amor todos os meus sonhos
Concebidos sob o leito de uma rocha
Lá no paraíso salvador da tua pele morena
Por onde desfila o pecado nu da tua carne
Envolvido nas teias, calhas, areias, mares...
Da magia, suave fantasia de Guarajuba/ Bahia
Acatado o convite irresistível à sedução
Para a qual fostes assumir o trono da paixão
No afago da mais carente alucinação
Ali entre os coqueirais e nossos tantos ais
Fascinados pelos olhos fixos um noutro
Na linguagem ousada e delicada de doçuras
Com os braços rendidos na ternura dos abraços
Levando-nos à deriva... Beijos em parafusos
Molhados, ancorados no mesmo porto
Ao sabor e ao gozo em toques de delícias
Nesse amor vivo, delirante, viciante e deslumbrante
Com o paladar, o olfato, o tato apurado...
Nos nossos lábios muito bem interligados
Desfeitos das dores e horrores das saudades
Que nos escravizam e adiam nossa felicidade
E agora frente a frente contra a parede destes versos
Perfilamos a proclamação do nosso amor proibido
Pacificados dos conflitos armados pelos inimigos
Foi bulido e despertado o eixo do vulcão adormecido
Soltando a indignação mais doída das nossas almas
Nos confins dos anjos, santos, deuses em chamas
Pelo sabor delirante, insinuante das águas salgadas
Veementes no afeto que nos une feitos xifópagos
Diante de uma patética platéia de invejosos
Onde nosso amor é mesclado com os dos bons
Ao suor de nossos corpos ébrios e estonteados
Pulverizando os mais belos sentimentos despertados
Elixir deslizado! Entre palavras quentes e ousadas
Quase mortos de cansaço no fôlego dos tropeços
Numa sedução profana de sintonia ao começo
Efervescendo o clamor borbulhante em colheita
Orvalhando o prazer até a última gota do ser
Levantamos as taças pelas nossas despedidas
Rompidos os pesos e fardos dos preconceitos
Selando a nossa união em perfeita sinergia
Içamos, elevamos as velas aos ventos da alegria
Na fronteira entre o prazer e a paixão com empatia
Despedimos-nos agradecidos pelas sinceras amizades
Colhidas pelas plantações, emoções, decepções...
Que só se pode receber da seiva de uma boa poesia.
Dueto de despedida do site ‘Poemas de Amor’: Salomé & Hilde
Inspirado no poema 'Devora Amante' da autora Salomé