QUEM TE OLHOU NOS OLHOS




Ele ouviu a canção das nuvens,

executada nas cordas solares.

 

Quem Te fitou os olhos viu

os lírios do coração  se abrirem

e naquele momento, 
os justos se desencaminharem
das angústias
e as astúcias dos pensamentos

se converterem em serenos faróis.

Decifrou ele, em Teu olhar, os veios profundos

que no infinito percorrem todas as estrelas

desenhando o mapa de um mundo
que pela luz dos Teus olhos
ainda vale a pena,
quando há no Ser o sonho

de reencontrar o verdadeiro lar.

 
Quem Te olhou nos olhos,

sabia que estava diante do manancial solar

maestro  da lua, do mar

e de todos os vales profundos

por onde ainda respiram os náufragos

e os insensatos passos do mundo.

Ao fitar Teus olhos, com certeza alimentou-se

dessa aurora e vestiu-se de gente

pela primeira vez na vida.

Sagrada e ascendida criatura, 

seiva da terra remida.

Aquele que Te fitou os olhos
fez de si mesmo uma lira eterna,

consciente de que ao olhar o próprio céu,

humanamente autogerou luz
à sua hora e enfim, se reconheceu.

 

Quem Te olhou nos olhos

recebeu asas para a caminhada

ao longo dos séculos.
Nasceu.

 

Ó Mestre,
tivesse eu estado por perto,
não seria  hoje, talvez, esse ramo verde

tão longe da Tua vertente

itinerante oásis
pra nenhum deserto.


 

Lúcia Constantino
Enviado por Lúcia Constantino em 11/09/2008
Reeditado em 22/01/2009
Código do texto: T1173539
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