A PROCURA DO EU

Com os olhos em lágrimas contemplo o céu.
Meu vulto na penumbra se perdeu e eu,
questiono e pergunto a Deus:
_ Onde estará?Onde estará o meu eu?

Estou afogando num mar de lágrimas.
Meus olhos novamente contemplam o céu.
Pisca uma luz mostrando ilusão.
De cabeça erguida eu exclamo:
"Me ajuda meu Deus!"

Casa de pobres, casas de ricos,
mansões de governos, casebre de enfermos.
Enquanto ergo a cabeça contemplo o céu.
No intimo questiono a Deus: Onde estará o meu eu?

Durante muitos anos batalhei nesta vida.
Na verdade, já fui eremita.
Na terra o meu ser se perdeu.

A angústia me corrói.
O coraçao no peito todo me doi.
Não quero a riquesa dos nobres.
Minha mansão é a humildade dos pobres.

O vento bate forte em minha face.
Meus lábios se calam e eu, questiono:
"Onde estará o meu eu?

Será que o coraçaõ de alguém é meu?
Ou será que o meu é todo seu?
"Deus! O que será que sou eu?"

Estou agora sem encontrar respostas.
Nada mais para mim nessa vida importa.
Casas de ricos, casas de pobres,
mansões de governos e casebres de enfermos...
Contemplo o céu e exclamo: "Em tudo isso está o meu eu!"

(18/05/1982 às 20hs56'53")