MEU PÉ DE MANACÁ

MEU PÉ DE MANACÁ

Moacir S. Papacosta

Sigo passeando entre as relvas rumo à densa floresta

Derramando sentidos prantos, ora aqui ora acolá,

Que tristeza! Acabaram com a minha festa,

Derrubaram meu pé de manacá...

Olhando a árvore tombada ao chão

Recordo os momentos passados com a minha querida,

Era debaixo desse pé de manacá, nas noites de verão,

Que planejávamos um porvir promissor às nossas vidas...

O perfume de suas flores ainda envolve as margens do ribeirão

Perfume saudável como esse no mundo não há,

Eu só quero saber qual foi o ingrato coração

Que tirou a vida do meu pé de manacá...

Ao longo da colina vejo uma casinha abandonada

Cercada de palmeiras e um frondoso pé de ingá,

Mas não ouço como outrora os agudos acordes da passarada,

Meu Deus! Como está tristonho este lugar!

Sentado num banquinho de pedras

Forrado com folhas de buriti,

Imagino seus cabelos compridos a esvoaçar

Pela forte ventania que passa por aqui...

Olho nossos nomes gravados na velha gameleira

Onde pra eternidade ficará,

Na verdade tudo é muito bonito

Mas, a beleza da floresta inteira

Não ultrapassa à do meu pé de manacá...

De repente minh’alma fica absolta no ar

Ao ver o corpo de quem tanto amei adormecido no varjão,

Era o meu amor que viera cortar o meu pé de manacá,

Infelizmente estava sem vida com o machado na mão...

Beijei seus lábios frios e chorei

O sonho dos meus sonhos se foi em vão,

Olhei ao redor e um bilhete encontrei...

Nele, poucas palavras para ferir ainda mais meu coração:

- Querido, há muito lhe esperei,

Pois não me esqueci do juramento que fizemos à luz do luar,

Você não veio, seu pé de manacá cortei...

E com ele morreu nossa esperança de amar...

Não sei se agindo assim o magoei

Se isso aconteceu, perdoe-me e procure se consolar...

Aceite as últimas flores que dele apanhei,

Desta que partiu, mas na eternidade irá lhe esperar!

Moacir Silva Papacosta
Enviado por Moacir Silva Papacosta em 17/08/2008
Código do texto: T1132125
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